quinta-feira, 18 de junho de 2009

A Costura do Invisível

Em 2004, no SPFW, Jum Nakao apresentou requitada coleção, com 15 peças confeccionadas em papel que foram rasgadas pelas modelos ao final da apresentação.

Em 2004 Jum Nakao passava por uma forte crise financeira, e com aproximidade do evento SPFW, não conseguia encontrar uma solução para o problema, o caos que estava vivendo.
Então pensou, "ao invés de tentar resolver o caos, porque não representar esse caos?"
Foi assim que o desfile começou a tomar rumo.
Usando apenas papel Jum Nakao apresentou uma coleção inteira, com rendas bordados e muitos volumes, seguindo sua inspiração Art Nouveau um quase Barroco, do final do século XIX e início do século XX.
A proposta consistia em apresentar roupas que fossem desejadas, que tivessem um deslumbramento que durasse para sempre, e que de repente ao final da apresentação todas as modelos na entrada final para os agradecimentos rasgassem as roupas, neste momento o rasgar do papel representou o caos, um ato que respondia a varias perguntas, um objeto de arte que de repente desaparece e gera uma dúvida.
A maquiagem das modelos com apenas boca e sombrancelhas pintadas de preto e o resto de branco passavam um olhar de conto de fadas, um olhar distante, e a identidade das modelos era esquecida, o que somente importava era o conceito de tudo aquilo, as cabeças de bonecos playmobil nas modelos criaram um suspensão do tempo: passado, presente e futuro se uniam como um sonho.
Para o cenário Jum Nakao tinha como idéia colocar varios animais feitos tambem de papel, leões, tigres, jacarés, para passar a ideia de algo surreal, mas como o tempo era muito curto ficaria inviável, então foram feitas anêmonas que quando reagiam com a luz negra e outras luzes conseguiam alcançar o objetivo da idéia.
A trilha sonora conduzia o olhar, e trazia para a passarela diferentes significados, melancolia, perda, que no final, se transformava em um rock meio karaokê que passava a idéia de uma manipulação da realidade, então as modelos paravam onde parecia-se uma contemplação e rasgavam as roupas feitas de papel.

Depois deste desfile Jum Nakao leiloou uma das peças que não foi rasgada no desfile e pagou todas suas dividas.

Hoje ele é o diretor de arte da FAAP, nao se apresenta mais na SPFW e lançou o livro: A costura do invisível, que conta como foi o desfile.


Carla Carolina Parga

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