Em 2004, no SPFW, Jum Nakao apresentou requitada coleção, com 15 peças confeccionadas em papel que foram rasgadas pelas modelos ao final da apresentação.
Em 2004 Jum Nakao passava por uma forte crise financeira, e com aproximidade do evento SPFW, não conseguia encontrar uma solução para o problema, o caos que estava vivendo.
Então pensou, "ao invés de tentar resolver o caos, porque não representar esse caos?"
Foi assim que o desfile começou a tomar rumo.
Usando apenas papel Jum Nakao apresentou uma coleção inteira, com rendas bordados e muitos volumes, seguindo sua inspiração Art Nouveau um quase Barroco, do final do século XIX e início do século XX.
A proposta consistia em apresentar roupas que fossem desejadas, que tivessem um deslumbramento que durasse para sempre, e que de repente ao final da apresentação todas as modelos na entrada final para os agradecimentos rasgassem as roupas, neste momento o rasgar do papel representou o caos, um ato que respondia a varias perguntas, um objeto de arte que de repente desaparece e gera uma dúvida.
A maquiagem das modelos com apenas boca e sombrancelhas pintadas de preto e o resto de branco passavam um olhar de conto de fadas, um olhar distante, e a identidade das modelos era esquecida, o que somente importava era o conceito de tudo aquilo, as cabeças de bonecos playmobil nas modelos criaram um suspensão do tempo: passado, presente e futuro se uniam como um sonho.
Para o cenário Jum Nakao tinha como idéia colocar varios animais feitos tambem de papel, leões, tigres, jacarés, para passar a ideia de algo surreal, mas como o tempo era muito curto ficaria inviável, então foram feitas anêmonas que quando reagiam com a luz negra e outras luzes conseguiam alcançar o objetivo da idéia.
A trilha sonora conduzia o olhar, e trazia para a passarela diferentes significados, melancolia, perda, que no final, se transformava em um rock meio karaokê que passava a idéia de uma manipulação da realidade, então as modelos paravam onde parecia-se uma contemplação e rasgavam as roupas feitas de papel.
Depois deste desfile Jum Nakao leiloou uma das peças que não foi rasgada no desfile e pagou todas suas dividas.
Hoje ele é o diretor de arte da FAAP, nao se apresenta mais na SPFW e lançou o livro: A costura do invisível, que conta como foi o desfile.
Carla Carolina Parga
Nenhum comentário:
Postar um comentário